A eleição de Rui Rio a Presidente do Grupo Parlamentar do PSD não foi uma surpresa, embora o tenha sido a sua candidatura, não só porque inédita ou pouco comum, mas porque está a mesma desenquadrada dos atuais alinhamentos parlamentares e tem na base a imagem medíocre que Rui Rio tem dos parlamentares portugueses.
Uma vez eleito, esperava-se que Rui Rio se concentrasse no exercício parlamentar e cerrasse fileiras na execução de uma oposição firme ao Governo.
O que tem acontecido, demonstra o oposto.
Mais que um líder parlamentar concentrado no exercício da oposição para que os portugueses o mandataram, continua a estar focado em fazer política para consumo interno, em flagrante instrumentalização desrespeitosa da liderança parlamentar para que foi eleito.
O exemplo mais recente aconteceu quando anunciou no site da sua candidatura à liderança do PSD, a realização do debate quinzenal no Parlamento, colocando o mesmo debate no estrito âmbito da sua agenda, não enquanto líder da oposição, presidente do partido, mas enquanto candidato e tão só para consumo interno.
A instrumentalização já tinha ficado evidente numa das suas primeiras decisões enquanto líder eleito da bancada parlamentar, na escolha das/dos deputadas/os para a direção das comissões parlamentares e para as funções de coordenação das mesmas comissões. Aí, fez o contrário do que tem apregoado, pois as escolhas foram tendenciosas, feitas na ótica do amiguismo e com pouca ou nenhuma ética!
Para estas funções, as decisões de Rui Rio deixaram de fora três dos oito eleitos no distrito de Braga. Salvaguardado o mérito e a competência profissional, política e cívica dos cinco escolhidos com tarefas de direção e coordenação política, o que é inegável, importa não esquecer que os três deputados excluídos de missões de maior responsabilidade são Emídio Guerreiro, com longo e muito qualificado desempenho parlamentar, a que acresce o facto de ter integrado a direção da mesma bancada e a que se soma a experiência de governante e autarca; Jorge Paulo Oliveira, com desempenho parlamentar irrepreensível, a que acresce as competências autárquicas que exerce há mais de 25 anos; e Gabriela Fonseca, recém chegada ao Parlamento, mas com um vasto e muito bem sucedido percurso político autárquico na Póvoa de Lanhoso.
No quadro parlamentar, alguém tem mais experiência e competências nas áreas da educação, juventude ou desporto do que Emídio Guerreiro ou Gabriela Fonseca? Alguém tem mais percurso feito, experiência acumulada e vocação de coordenação em áreas como o ambiente, a modernização administrativa ou o poder local do que Jorge Paulo Oliveira?
Sobra a pergunta. Porque razão nenhum dos três ficou incumbido do exercício das funções de liderança das comissões ou coordenação dos Deputados nas mesmas comissões e não vão além de simples membros das mesmas?
Talvez Rui Rio saiba a resposta e também nós a saibamos, ao longo das próximas semanas.
Paulo Cunha
Presidente da Concelhia do PSD de Vila Nova de Famalicão
Artigo publicado na edição de 11/11/2019 do Correio do Minho
Paulo Cunha