Incontinência Verbal

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INAPTIDÃO.
Numa altura em que as agressões a profissionais de saúde estiveram na ordem do dia, mais um sinal de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está bem, a reação de Marta Temido não podia ser mais esclarecedora sobre a sua inaptidão para o exercício do cargo. Diz a ministra da Saúde que a “maior parte das agressões são verbais. E a enfermeiros". Portanto, as agressões verbais contam pouco, se perpetradas sobre enfermeiros ainda contam menos. As agressões a médicos, sendo em menor número, não demandam por isso especial preocupação. Está tudo dito.
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ALARVIDADE.
Na mesma linha do inimaginável disse a Secretária de Estado Adjunta e da Saúde que “quem espera dois anos por uma consulta é porque tem confiança no SNS, prefere esperar e não arriscar a sua saúde noutro sistema qualquer”. Não, não é confiança, é falta de alternativa, é falta de disponibilidade financeira para ir ao setor privado.
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MALHADOR.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, mostrou mais uma vez que sofre de “incontinência verbal”. O socialista que “gosta de malhar na direita”, que equipara a Concertação Social a uma “feira do gado”, também gosta de malhar nas empresas privadas que diz sofrerem de “fraquíssima qualidade da sua gestão”.
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DEMISSÃO.
São afirmações ilegítimas e injustas, proferidas por alguém que fez parte de um governo que levou o país à bancarrota e faz parte de um governo mau pagador, cujo êxito que reclama, reside em boa medida, exatamente na capacidade produtiva do nosso tecido empresarial privado, responsável por perto de 80% do emprego em Portugal e 60% das suas exportações. Os empresários portugueses criam emprego, criam riqueza e arriscam o seu dinheiro e o seu património. E sim, todos sabemos que há, porém, um mar de empresários com défices de gestão, mas até esses merecem o nosso respeito. São microempresários que criaram o seu próprio emprego, para seu próprio sustento ou da sua família, na esmagadora maioria dos casos por necessidade e não por opção. As afirmações de Augusto Santos Silva são de uma tal gravidade que numa democracia mais exigente, nem a posterior penitência do autor, evitariam a sua demissão.


Publicado na edição de 09/01/2020 do jornal Cidade Hoje
Por Jorge Paulo Oliveira

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