Acabou-se a chantagem

02-02-2017

DÉFICE. Em 2016 terá ficado em 2,3%. Não é uma proeza por aí além. O anterior governo do PSD/CDS-PP reduziu o défice de 11,2% para um valor abaixo dos 3% do PIB.

PLANOS. Importa igualmente sublinhar que este resultado só foi possível com recurso aos sempre desmentidos planos B, C, D, E, F e G, muitos deles irrepetíveis. Adiamento da recapitalização da CGD que se dizia urgentíssima. Protelamento do ressarcimento dos lesados do BES que se afiançava não levantar dificuldades. Reavaliação de ativos, um “esquema” que permitiu antecipar receitas que no futuro seriam de montante muito superior. Cativações, isto é, cortes cegos que degradaram dramaticamente a qualidade de inúmeros serviços públicos. O PERES, famoso perdão de dividas fiscais que sempre diabolizaram no passado e, por fim, o maior desinvestimento público dos últimos 65 anos. Ao contrário do que o governo assegurara este resultado não foi alcançado com as politicas orçamentais que delineara e, muito menos, em simultâneo com um crescimento económico e uma redução da dívida pública. Bem pelo contrário.

LIÇÕES. A minicrise da TSU deixou várias evidências. Este é um governo amputado, onde os partidos que o suportam só contam uns com os outros para reverter, nunca para reformar, adiando a resolução dos problemas de fundo do país. António Costa, até aqui “embriagado” pelas sondagens, também terá percebido que não pode desconsiderar a esquerda radical, a qual também já terá assimilado que não são inconsequentes, à governação do país, as iniciativas politicas que desenvolve e das quais parece não querer abdicar. A apreciação parlamentar, que apanhou desprevenido o PS, e desencadeada pelo PCP para alterar a decisão governamental de transferir a gestão da “Carris” para o município de Lisboa, é apenas o próximo confronto dos muitos que se advinham. Finalmente, António Costa terá de igual modo se capacitado que o melhor é não voltar a fazer acordos sem ter a garantia da sua aprovação pois equivocara-se quando pensara que o PSD lhe serviria de muleta sempre que fosse preciso. Na semana passada, acabou a chantagem sobre o PSD.


Jorge Paulo Oliveira
Vice-Presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Famalicão


(artigo publicado na edição de 02 de fevereiro de 2017 do jornal Cidade Hoje)

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