IRRITAÇÕES

IRRITAÇÕES

REPETIÇÃO. Dois dias de intenso calor foram suficientes. O Estado parece estar novamente a falhar no combate aos incêndios, na assistência às populações, no apoio aos bombeiros. As lições dos fogos de 2017 não foram aprendidas, desabafam os bombeiros envolvidos no combate às chamas. Voltamos a assistir à propaganda dos números, à falta de meios no local, à fuga de responsabilidades… Só o Presidente da República, desta vez, não foi aos postos de comando das operações e os balanços ficam para mais tarde.

PROGRAMAS. Não devia ser assim, mas é. Os programas eleitorais não ajudam muito a conquistar votos, porque são muito pouco valorizados pelos eleitores e, convenhamos, nem sempre são lá muito bem tratados pelos partidos políticos. Apresentar o impacto financeiro de cada das medidas prometidas seria um bom começo. Não é possível discutir seriamente os programas eleitorais sem se explicarem os números, sem se demonstrarem que as promessas são orçamentalmente suportáveis, sem se dizer quanto custam e de onde vem o dinheiro para as materializarmos. Andou bem o PSD ao dar a conhecer atempadamente o seu programa económico e as medidas de política fiscal que quer ver implementadas num futuro programa de governo.

IRRITAÇÃO. António Costa desvalorizou as críticas do relatório do Tribunal de Contas sobre os défices de transparência e imprecisão na utilização do “Fundo Revita” após os incêndios em Pedrógão. Dentro da anormalidade é normal que o tenha feito. Os governos socialistas contestam sempre as auditorias, relatórios ou avaliações críticas à sua ação governativa. Irritam-se e não conseguem disfarçar essa a sua irritação, chama-se essa entidade Tribunal de Contas, Conselho de Finanças Públicas, Banco de Portugal ou qualquer outra.

FILOSOFIA. É verdade que o PS defende nas palavras as entidades administrativas especializadas e independentes dos interesses dos regulados, dos grupos de poderosos, dos interesses político-partidários ou da maioria e do governo conjunturais, mas na prática, na governação do Estado, o PS convive mal com essa independência e convive bem com os privilégios que alimenta, com a gestão da proximidade ao poder que cultiva e com a fragilização das instituições independentes que prossegue. É esta a sua filosofia.

Ponto de Ordem, Cidade Hoje, 25 de julho de 2019.

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