Continuamos no lixo

09-02-2017

PRECARIEDADE. O estudo do Governo aponta para a existência de 90 mil trabalhadores precários na administração central. Ironia das ironias o Ministério do Trabalho é o campeão da precariedade que, ademais, aumentou 10% com a geringonça. O Governo comprometeu-se a regularizar todos estes vínculos. Não disse é como casa essa intenção com o compromisso que assumiu com a União Europeia de emagrecer o número de funcionários na Administração Pública. Alguém vai ser enganado.

AMARAL. Elogiou António Costa e acusou Passos Coelho de antipatriota. É um direito que lhe assiste. O mesmo direito que me assiste de dizer que Freitas do Amaral é um bom exemplo do oportunismo na politica. Protegido e putativo herdeiro de Marcelo Caetano, enjeitou-o no dia seguinte ao 25 de abril, para poder vingar na democracia. Derrotado nas eleições presidenciais por Mário Soares, que o enxovalhou, rapidamente dele se tornou amigo, aproximando-se também dos socialistas. Era crucial o apoio daqueles para o sucesso da sua candidatura à Presidência da Assembleia Geral da ONU. Ser Ministro dos Negócios Estrangeiros justificou, mais tarde, que integrasse um Governo de José Sócrates, de quem diria cobras e lagartos quando este caiu em desgraça. O futuro nos dirá se andam por aí novas oportunidades que é preciso agarrar, sem escolhos, nem escrúpulos.

LIXO. A agência de notação financeira Fitch manteve o rating de Portugal na mesma categoria: “lixo”. A divida portuguesa é assim de risco devendo os investidores exigir juros mais elevados. António Costa reagiu com satisfação. Custa a acreditar que alguém se exulte com essa circunstância. Mas o nosso primeiro ministro é um “otimista irritante”. O “lixo” da Fitch, uma economia a crescer menos que em 2015 ou uma divida pública que em 2016 aumentou 9,5 mil milhões de euros, são tudo boas notícias, porque, bem vistas as coisas, aqueles resultados podiam ser piores. A manutenção em “lixo” nunca poderia ser uma boa noticia. Muito menos quando a mesma agência perspetiva manter esta classificação até finais de 2018. No final do governo do PSD-CDS/PP, a Fitch chegara a sinalizar a possibilidade de subir a notação atentos os resultados macroeconómicos nacionais que estavam a ser atingidos. Mas isso foi noutro tempo.


Jorge Paulo Oliveira
Vice-Presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Famalicão


(artigo publicado na edição de 09 de fevereiro de 2017 do jornal Cidade Hoje)

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