20.11.2016
Teresa Morais não tem dúvidas: “A igualdade de género e os direitos das mulheres na vida social e política são temas que não podem ser assumidos como património dos partidos da esquerda.” A deputada e vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD, que ontem participou, na Fundação Castro Alves, numa tertúlia promovida pelo Movimento das Mulheres Social Democratas de Vila Nova de Famalicão, diz que o PSD, pelo seu histórico de intervenção, “não pode deixar estas causas entregues aos partidos da esquerda, sobretudo quando a esquerda é hoje uma esquerda radical”.
A ex-Ministra da Igualdade tem-se dedicado principalmente à luta pela igualdade de género em meio laboral e ao combate à violência doméstica, pelo que a sua voz arrasta uma autoridade acrescida nas reivindicações.
Teresa Morais espera assim que nas eleições autárquicas de 2017 o partido seja mais exigente do que a própria Lei das Quotas e inclua mais de 33% de mulheres nas suas listas. “Até porque o universo autárquico é o pior de todos em termos de representação feminina”, lembra.
Em 2015, o país atingiu, pela primeira vez, um recorde de representação feminina no Parlamento (34% de mulheres eleitas), acima das médias europeia e mundial. Mas os exemplos sobre a discriminação das mulheres grassam num país onde há mais mulheres com licenciatura, mestrado ou doutoramento do que homens, mas que não acedem aos lugares de decisão dos conselhos de administração das empresas e recebem menos 18% de salário ao fim do mês.
“Continuamos longe da igualdade e por isso sou partidária das quotas, como último reduto, quando as questões não se resolvem de outra maneira”, considera Teresa Morais, que alerta para os efeitos deste desequilíbrio de representação entre homens e mulheres na política. “Daqui para a frente os partidos políticos ou representam a sociedade ou então estão condenados”.
A tertúlia de sábado foi a primeira iniciativa do Movimento das Mulheres Social Democratas de Vila Nova de Famalicão, coordenado por Maria Manuela Martins, professora universitária e Conselheira Municipal para a Igualdade. Participaram cerca de seis dezenas de mulheres famalicenses, entre as quais a Vereadora Sofia Fernandes. Jorge Paulo Oliveira, Vice-Presidente do PSD de Famalicão, também marcou presença, tendo assinalado que “a participação das mulheres na vida política é fundamental se quisermos que os nossos projetos sejam o resultado de uma participação universal”.